Num contexto de terapia e de autoconhecimento, surge frequentemente a necessidade de explorar o conceito de identidade e a sua relação com o futuro. Este é um tema profundo, enraizado em questões sobre quem somos, de onde viemos e para onde estamos a ir. Estas perguntas, aparentemente simples, refletem um processo de análise que pode revelar-se fundamental para o entendimento pessoal e o crescimento, e o papel de um terapeuta é guiar o paciente nessa busca de clareza e direção.
Numa sociedade onde a identidade é frequentemente interpretada de forma fluida e, por vezes, fragmentada, a ideia de uma terapia “afirmativa de identidade” tem ganhado espaço. Contudo, esta abordagem, ao procurar afirmar de imediato uma perceção de identidade que o paciente apresenta, pode ser precipitada e até prejudicial. Em vez de simplesmente aceitar a expressão de uma identidade momentânea ou impulsionada por estados emocionais flutuantes, a prática terapêutica deveria envolver uma exploração profunda do que realmente constitui essa identidade. O objetivo não é reforçar uma ideia pré-estabelecida, mas antes, facilitar uma compreensão mais ampla e autêntica de quem a pessoa é, questionando, esclarecendo e orientando-a ao longo do processo. Neste sentido, um terapeuta deve fazer perguntas essenciais: O que se entende, afinal, por identidade? Como pode a identidade ser verdadeiramente compreendida e medida? Qual é o papel do terapeuta na descoberta e definição da identidade de uma pessoa? Em psicoterapia, estas questões não são respondidas com base em emoções ou em impulsos do momento. Em vez disso, exige-se um processo de análise e introspecção que vai muito além do sentimento imediato, uma abordagem que valoriza o passado, o presente e o futuro como partes inseparáveis da narrativa pessoal.
Parte do processo terapêutico envolve caminhar com o paciente ao longo da sua vida, compreendendo os momentos que moldaram quem ele é, os valores que o guiam e as aspirações que o movem. Perguntas como “De onde vens?” ou “Quem és agora?” ajudam a ancorar o indivíduo no seu próprio contexto, proporcionando uma perspetiva mais clara do caminho que trilhou até ao presente momento. Esta compreensão do percurso individual permite, depois, uma análise mais fundamentada sobre o que poderá ser o futuro desejado ou possível, sempre com a colaboração do paciente e por vezes, em diálogo com o terapeuta, para que possa definir o que significa um futuro “melhor”. Assim, o terapeuta torna-se num guia na exploração dos diversos elementos que compõem a identidade do paciente. O papel do terapeuta é, sobretudo, apoiar o indivíduo na definição do seu próprio conceito de “melhor”. O que significa, para esta pessoa em particular, estar bem? Como se pode alcançar um estado de maior harmonia ou bem-estar? Esta definição é única e profundamente pessoal, e exige que o terapeuta compreenda que não é ele quem dita o que é o “melhor”, mas antes, facilita a descoberta dessa noção para o paciente, num ambiente de diálogo e respeito.
O processo terapêutico, neste contexto, é simultaneamente uma jornada de compreensão e reconstrução. A identidade não é algo fixo ou definitivo, mas uma construção contínua, enriquecida pela experiência, pela reflexão e pela descoberta de novos caminhos e possibilidades. A terapia não tem como função apenas ajudar o paciente a encontrar respostas imediatas ou a consolidar certezas momentâneas. Trata-se de um trabalho colaborativo para que a pessoa possa discernir o que é verdadeiramente importante, o que deseja para si mesma e que tipo de vida deseja construir. Este caminho é também iluminado pela esperança, um tema que se torna essencial em qualquer abordagem terapêutica genuína. A esperança oferece ao paciente uma visão otimista, a possibilidade de mudança, de crescimento e de realização de um futuro onde se sinta alinhado consigo próprio e com as suas escolhas. No fundo, a terapia é um espaço para que se possa idealizar, planear e estruturar um futuro desejado, partindo da construção de uma identidade mais consciente, mais autêntica e mais segura.
No final de contas, a exploração da identidade na terapia é uma tarefa que requer coragem e compromisso tanto por parte do paciente quanto do terapeuta. Trata-se de um trabalho que ultrapassa o imediato e o superficial, exigindo uma perspetiva mais profunda e uma vontade de enfrentar as complexidades e as dualidades que caracterizam a condição humana. É um espaço onde se reconhece que a verdadeira transformação não se dá apenas pela aceitação de rótulos ou percepções momentâneas, mas pela busca contínua e incansável do que significa ser autêntico e viver em plenitude. Esta visão terapêutica não se limita a resolver problemas pontuais; visa capacitar o indivíduo a ser o autor do seu próprio futuro, a construir uma vida que ressoe com a sua essência e com os valores que verdadeiramente o definem. Por mais desafiador que este processo seja, ele traz consigo a promessa de um futuro onde cada escolha e cada ação estão em sintonia com uma identidade que se conhece, se compreende e que está, finalmente, em paz consigo mesma.
"Uma clínica em que tenho todo o prazer de fazer lá qualquer tipo de tratamento, pois, sei, que ao confiar no processo e no conhecimento da equipa que os resultados pretendidos iram ser atingidos. Grato por me fazerem sentir em casa, como uma verdadeira família."