
O que vemos, ouvimos e sentimos influencia diretamente as nossas emoções. Mas o contrário também acontece: o que sentimos altera a forma como percepcionamos o mundo. Esta relação entre percepção e emoção é fundamental para a nossa sobrevivência e para a forma como interagimos com a realidade. A perceção é o processo através do qual interpretamos os estímulos à nossa volta. No entanto, essa interpretação não é objetiva. O nosso cérebro filtra a informação com base nas nossas experiências, expectativas e, sobretudo, no nosso estado emocional. Por exemplo, quando estamos felizes, tendemos a ver o mundo de forma mais positiva. Pequenos desafios parecem fáceis de ultrapassar e até as interações uns com os outros são mais agradáveis. Por outro lado, quando estamos ansiosos ou tristes, a mesma realidade pode parecer ameaçadora ou difícil.
Esta ligação entre percepção e emoção tem um papel evolutivo essencial. No passado, estar atento ao perigo era uma questão de sobrevivência. Se um indivíduo estivesse assustado, o seu cérebro amplificava os sinais de ameaça no ambiente, tornando-o mais cauteloso aumentando assim as suas hipóteses de sobrevivência. Em momentos de tranquilidade, por outro lado, a percepção tornava-se mais aberta e exploratória, permitindo novas aprendizagens e interações sociais mais seguras. Esse mecanismo continua a influenciar a nossa forma de viver e reagir nos dias de hoje. No quotidiano, a interação entre emoção e percepção influencia constantemente as nossas decisões e comportamentos. Quando estamos stressados, podemos interpretar um comentário neutro como uma crítica. Quando estamos apaixonados, tendemos a ver o outro com perfeição, ignorando defeitos evidentes. Estas distorções podem afetar tanto as nossas relações interpessoais quanto a nossa capacidade de tomar decisões racionais.
Ganhar consciência desta relação entre as emoções e a percepção é essencial para evitar interpretações erradas da realidade. Algumas formas de mitigar essas distorções incluem:
- Praticar a autoconsciência: Estar atento às próprias emoções e reconhecer quando as mesmas estão a influenciar a perceção.
- Regular as emoções: Através de práticas como a prática do silêncio interno, respiração consciente e reestruturação cognitiva, é possível moderar emoções intensas.
- Procurar diferentes perspectivas: Pedir opiniões externas pode ajudar a ganhar uma visão mais equilibrada da realidade.
A inteligência emocional é um factor chave na forma como gerimos as nossas emoções e interpretamos o mundo à nossa volta. Desenvolver essa habilidade permite-nos evitar distorções cognitivas, assim como também, melhorar a qualidade das nossas relações e da nossa comunicação. Ao fortalecermos a nossa inteligência emocional, ganhamos um maior controlo sobre as reações automáticas e conseguimos agir com mais consciência.
Pequenos hábitos diários, como a reflexão sobre os momentos de maior reatividade emocional, podem fazer uma diferença significativa na forma como interpretamos e reagimos aos eventos.Para integrar esse conhecimento na nossa vida, podemos:
- Observar padrões emocionais: Manter um diário emocional para reconhecer quais as situações mais afetam a nossa percepção.
- Criar espaços de pausa: Antes de reagir a uma situação emocionalmente intensa, respirar fundo e refletir antes de interpretar um evento.
- Desenvolver a empatia: Tentar compreender diferentes pontos de vista ajuda a equilibrar as nossas percepções e a reduzir interpretações enviesadas.
Afinal, o que vemos nem sempre é o que realmente é – muitas vezes, é apenas um reflexo do que sentimos. Ao desenvolver um olhar mais consciente e equilibrado, podemos melhorar a nossa percepção da realidade e interagir de forma mais harmoniosa com o mundo à nossa volta.
"Uma clínica em que tenho todo o prazer de fazer lá qualquer tipo de tratamento, pois, sei, que ao confiar no processo e no conhecimento da equipa que os resultados pretendidos iram ser atingidos. Grato por me fazerem sentir em casa, como uma verdadeira família."