
A ciclicidade inerente ao universo feminino traduz-se em flutuações fisiológicas e hormonais características do domínio do Yin, descontinuado e interrompido. O ciclo menstrual é constituído por 4 fases distintas entre si: menstrual, pós-menstrual, ovulatória e pós-ovulatória. A menstruação é o acontecimento que sucede a uma ovulação sem fecundação. A descamação do endométrio (camada interna do útero) pela ausência de gravidez é normal, fisiológica e desejável. Em média, 1 mulher saudável tem 450 ciclos menstruais ao longo da sua fase reprodutiva. O sangue menstrual decorrente da descamação do endométrio é constituído por sangue (50%), água, tecidos de revestimento do endométrio, vestígios de muco cervical e bactérias que formam a flora vaginal. Dos nutrientes que o compõem constam ferro, sódio, azoto, potássio, cálcio, fósforo e diversas proteínas. O grau de acidez é semelhante ao sangue circulante: 7,2.
O sangramento menstrual costuma durar entre quatro e oito dias. Geralmente, a perda de sangue durante um ciclo varia entre 6 e 75 ml (6 colheres de sopa). Um penso higiénico ou um tampão, dependendo do tipo, pode conter até 30 mililitros de sangue.
Os pensos higiénicos descartáveis surgiram na década de 70. Antes disso, estão mencionados cintos e aventais menstruais e, trapos de tecido. Infelizmente, a pobreza menstrual é uma realidade actual. Poder-se-ia pensar que acontece apenas em países subdesenvolvidos, mas países desenvolvidos como Portugal apresentam estatísticas que indicam que 12% das adolescentes já faltaram às aulas por não terem dinheiro para comprar produtos menstruais. Mundialmente, 500 milhões de meninas e mulheres sofrem por falta de educação menstrual, falta de acesso a produtos de higiene menstrual e falta de acesso a espaços sanitários seguros e limpos para que tenham períodos higiénicos e dignos.
O estigma que precede a menstruação e que penaliza um acontecimento biológico, tem sido duradouro e perpetuado por uma vivência social e cultural que considera o sangue que escorre constrangedor e indigno. A menstruação é um acontecimento fisiológico e desejável! O que deveria ser uma experiência dignificante na vida de uma adolescente e de uma mulher, não o é de todo! A vergonha, a dor e a incompreensão transformam-no num acontecimento a ser escondido e suprimido. Nomeadamente, em termos legais, a menstruação e as mulheres que sofrem de dores incapacitantes não estão protegidas pelo código laboral, nem tão pouco pelo sistema médico.
Portugal já teve licença menstrual. Em 1980, foi assegurada às mulheres com dores menstruais incapacitantes, uma licença de até dois dias, mas a revisão do código laboral aboliu-a em 2009. Em 2024, foi aprovado um projeto lei que prevê a criação de um regime de faltas justificadas ao trabalho e às aulas para quem sofra de dores graves e incapacitantes provocadas por endometriose e adenomiose, sem perda de remuneração ou outros direitos.
"Uma clínica em que tenho todo o prazer de fazer lá qualquer tipo de tratamento, pois, sei, que ao confiar no processo e no conhecimento da equipa que os resultados pretendidos iram ser atingidos. Grato por me fazerem sentir em casa, como uma verdadeira família."