CENTRO TERAPÊUTICO DE BENAVENTE

O CREPÚSCULO E O RENASCIMENTO DA MULHER

A menopausa é um daqueles momentos da vida que chega devagar, mas, quando damos por ela, já se instalou. Para muitas mulheres, é uma despedida silenciosa, uma viragem que não se anuncia com alarde, mas que muda tudo. Para outras, é uma tempestade, um turbilhão de mudanças que desafiam o corpo e a mente. Mas, independentemente da forma como chega, há uma verdade incontornável: a menopausa não é o fim, mas o início de uma nova fase – mais livre, mais sábia e, talvez, mais selvagem.

Durante anos, a mulher é guiada pelos ritmos do seu ciclo. A dança mensal entre hormonas, emoções e transformações físicas torna-se tão familiar que quase se funde com a identidade. E então, um dia, essa dança abranda. As menstruações tornam-se irregulares, depois espaçadas, até cessarem por completo. O corpo, num gesto silencioso de transição, diz: “Agora és outra.” E é aqui que a travessia começa. As ondas de calor vêm sem aviso, como se um fogo interno fosse aceso de repente. O sono, outrora confiável, torna-se esquivo, e a paciência pode tornar-se um bem raro. Algumas mulheres sentem uma inquietação emocional, como se estivessem a tentar reconhecer-se numa nova pele. Outras experimentam uma liberdade inesperada, uma força bruta que se liberta agora que os ciclos se despediram. A sociedade, tantas vezes obcecada pela juventude, sussurra que a menopausa é o princípio do fim. Mas que grande mentira! A menopausa não é um declínio, mas uma reinvenção. É uma despedida do que já não serve, um renascimento sem as amarras das expectativas alheias. Sem o peso da fertilidade como eixo central da sua existência, a mulher pode finalmente ser apenas ela mesma – sem explicações, sem concessões.

Este é o tempo da mulher sábia. Da que já chorou, já gritou, já riu até às lágrimas e que agora carrega dentro de si um saber profundo, intocável. É o tempo de redescobrir o corpo, de aprender a escutar os seus sinais sem a mediação dos ciclos. De cuidar de si com um amor renovado, sem pressa nem culpa. Os calores passam, o sono ajusta-se, o humor encontra um novo equilíbrio. E no meio deste processo, uma certeza: o crepúsculo é apenas a preparação para uma noite estrelada, cheia de mistério e novas possibilidades. A menopausa não rouba nada – ela devolve. Devolve a mulher a si mesma.

Tags :
Medicina Chinesa

Partilhe este artigo:

Artigos recentes

Abrir WhatsApp
Olá, 👋 Precisa de alguma ajuda?
Olá, 👋
Precisa de alguma ajuda?