PENSAMENTO EXCESSIVO: O TRAUMA NÃO ASSUMIDO

Na era moderna, caracterizada por um ritmo de vida acelerado e uma avalanche constante de informações, o pensamento excessivo tornou-se uma experiência comum para muitas pessoas. Este ciclo incessante de pensamentos repetitivos e preocupações pode, muitas vezes, ser sintoma de algo mais profundo: um trauma não assumido. Neste artigo, exploramos como o pensamento excessivo pode ser uma manifestação de traumas não resolvidos e discutimos maneiras de lidar com este fenómeno para promover a saúde mental e o bem-estar.

Pensamento excessivo, ou “overthinking” em inglês, refere-se à tendência de se prender a um ciclo contínuo de reflexão sobre os mesmos pensamentos, frequentemente negativos ou ansiosos. Este processo mental pode ser paralisante, impedindo a pessoa de tomar decisões ou de agir de forma eficaz. Em vez de resolver problemas, o pensamento excessivo muitas vezes amplifica as preocupações, criando um estado de stress constante.

O trauma é uma resposta emocional a um evento profundamente perturbador ou stressante. Pode ser causado por várias experiências, como abuso, acidentes, perdas significativas ou situações de violência. Quando o trauma não é reconhecido ou tratado, pode manifestar-se de várias formas, incluindo através do pensamento excessivo.

Pessoas que passaram por traumas muitas vezes utilizam o pensamento excessivo como uma forma de lidar com a dor emocional. Este processo pode ser inconsciente, com a pessoa não estando ciente da ligação entre os seus padrões de pensamento e as experiências traumáticas passadas. O cérebro, numa tentativa de proteger-se, pode entrar num modo de “hipervigilância”, analisando constantemente potenciais ameaças e perigos, mesmo quando não existem.

Uma das maneiras como o pensamento excessivo pode estar ligado ao trauma é através da fuga emocional. Em vez de enfrentar sentimentos dolorosos associados ao trauma, a pessoa pode distrair-se com pensamentos repetitivos. Este mecanismo de defesa pode impedir que a pessoa processe e ultrapasse o trauma, perpetuando o ciclo de pensamento excessivo.

Traumas, especialmente aqueles ocorridos na infância, podem criar uma sensação de insegurança interna. Esta falta de segurança pode levar a um estado constante de alerta, onde a mente está sempre a procurar possíveis ameaças. O pensamento excessivo torna-se uma tentativa de prever e controlar situações futuras para evitar mais dor.

Traumas podem afetar profundamente a autoestima de uma pessoa. A falta de confiança em si mesmo pode alimentar o pensamento excessivo, onde a pessoa constantemente questiona as suas decisões, ações e valor. Esta autoanálise incessante pode ser debilitante e impedir a pessoa de viver de forma plena e confiante.

O primeiro passo para lidar com o pensamento excessivo relacionado com o trauma é reconhecer e aceitar que o trauma existe. Isto pode ser difícil, pois envolve confrontar sentimentos dolorosos. No entanto, é um passo crucial para a cura. Falar com um terapeuta ou conselheiro pode ser extremamente útil neste processo.

A Terapia Cognitivo-Comportamental – TCC é uma forma de terapia que pode ajudar a pessoa a identificar e mudar padrões de pensamento negativos. Ao trabalhar com um terapeuta, a pessoa pode aprender a substituir o pensamento excessivo por padrões de pensamento mais saudáveis e construtivos.

Práticas de mindfulness e meditação podem ajudar a acalmar a mente e reduzir o pensamento excessivo. Estas práticas ensinam a pessoa a estar presente no momento, em vez de se perder em pensamentos sobre o passado ou o futuro.

Cuidar de si mesmo e manter uma rede de apoio social são elementos importantes para a cura do trauma. Atividades que promovem o bem-estar físico e emocional, como exercício, alimentação saudável e hobbies, podem ajudar a reduzir o pensamento excessivo. Além disso, ter pessoas de confiança com quem falar pode proporcionar conforto e perspetivas valiosas.

O pensamento excessivo pode ser um sinal de traumas não assumidos, servindo como um mecanismo de defesa contra sentimentos dolorosos e inseguranças internas. Reconhecer esta ligação é o primeiro passo para a cura. Com a ajuda de terapias adequadas, práticas de mindfulness e uma forte rede de apoio, é possível superar o pensamento excessivo e encontrar um caminho para uma vida mais equilibrada e saudável.